Ensaio

Novas Tecnologias

Há 30 anos queria dizer simplesmente: computadores. A expressão adaptação às novas tecnologias implicava ensinar toda uma geração a usar o computador, a substituir as velhas tecnologias como a máquina de escrever, sistemas de arquivo físico, sistemas de facturação, por software e disco rígido.

Nu e cru

Não sei se é possível alinhar as duas audiências, mas parece-me que o âmago da sua Visão consiste em ver através das diferentes molduras com que enfeitamos o mundo, ver de forma transversa através dos estereótipos, o que é notável.

O olhar dos outros

Há muitas formas de aceder à perspectiva dos outros sobre os lugares que conhecemos ou até sobre nós mesmos. Desde o debate informal entre amigos à objectividade analítica das tabelas estatísticas, passando por uma miríade de narrativas reais e ficcionais.

Palco

A fotografia documental é, de certa forma, limitada no seu potencial narrativo, é acima de tudo descritiva, presa a uma verdade jornalística factual, neutra. É uma reflexão com alguma maturidade já, e sabemos hoje que a verdade tem muitas formas de se apresentar (tantas como a mentira) e o elemento interpretativo da narrativa vem sendo mais assumido por alguns canais.

Público alvo

É uma expressão explicitamente predatória que se traduz, por vezes, na interrupção persistente das pessoas, na manipulação da sua atenção, no controle dos meios de produção e dos canais de informação. Ao definir o ‘público alvo’ a priori, sem qualquer tipo de interacção com quem nos propomos servir, acabamos por nos basear tendencialmente nos nossos próprios estereótipos sociais.

Não olhes para o chão

Ter mente aberta não significa que devemos gostar de tudo ou que não temos uma identidade cultural forte. Significa que não nos limitamos, não nos apegamos de forma imutável aos rituais materiais, às manifestações externas do nosso culto, que destrinçamos forma e conteúdo de uma forma saudável, que sabemos ouvir, interagir com quem pensa diferente.

Matéria

Se, enquanto sociedade, vendermos a educação como quem vende uma qualquer mercadoria, se a ostentarmos como um luxo, como afirmação de estatuto, a Cultura crescerá em torno de conceptualizações Etéreas, totalmente desconectadas da Matéria (a essência da Arte). A complexidade da linguagem, as inúmeras camadas de leitura, cumprem o propósito único de codificar o acesso, filtrando, estratificando.

Imaginação

No caso particular da fotografia essa experimentação física é mais extrema uma vez que pela sua ligação necessária ao mundo concreto, conseguimos estar dos dois lados do espelho – tocar a realidade diante da câmara e no instante seguinte contemplar um pedaço de papel nas nossas mãos.

Sawubona

Há que ultrapassar o preconceito do preconceito, o medo da palavra, da pergunta direta, da confrontação, que apenas resulta na reestruturação do hiato entre as várias facões culturais.

Cultura

Numa época em que a própria educação é objeto de mercado, a sofisticação intelectual torna-se numa afirmação de estatuto social. Assistimos por vezes, na comunidade artística, a algumas elaborações filosóficas puramente formais, intelectualizações apologéticas da superficialidade, que mais não fazem do que codificar o acesso dos demais, elitizar a arte ao ponto absurdo do luxo.