Em alguns dos ensaios que aqui venho apresentando procuro evidenciar paralelismos entre as premissas da criação fotográfica e outras formas de ver, pensar e construir o mundo, reveladas muitas vezes na própria linguagem. O conceito de enquadramento, por exemplo, que na sua essência consiste em isolar um conjunto de elementos para compreender (ou demonstrar) as relações entre eles, tem, a meu ver, uma valência de captura, de domínio e contenção das pulsões naturais, do caos. Enquadrar é criar um novo contexto, uma pequena fatia inteligível da realidade.
Deixo hoje um tema para reflexão, em que esta tensão está bem patente: A Relação entre Ciência e Arte – a minha intuição diz-me que os processos cognitivos e emocionais, a sistematização dos métodos de produção criativa, são mais semelhantes do que à primeira vista possa parecer, “apenas” o espectro, o âmbito, o foco são diferentes. A Ciência foca-se no rigor, no mensurável, na prova, na replicabilidade da experiência. A Arte foca-se no fluir, na perceção, na liberdade expressiva e identitária.
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