Nazaré, o lugar onde nasci.  

Por alguma razão desenvolvi uma aura de mística em torno desta informação. Sentia prazer em dizer às pessoas de onde era natural, talvez por ser um pouco inesperado.

A ligação a esta região vem do meu ramo familiar paterno. Era uma família bastante acolhedora, generosa no carinho. O contacto com este lado da família, constituiu uma oportunidade de furar um pouco o meu recatamento na timidez. Tinham uma forma diferente de receber sem dúvida, o que não deixava de ser intimidante.

Alcobaça, Nazaré, Cumeira, Lameira, São Martinho do Porto,  são lugares que fui conhecendo nas viagens à terra, nos fins de semana, nas férias. Nazaré e São Martinho eram as nossas praias. Saiamos os três estrada fora com a geleira cheia, preparados para passar lá o dia. No regresso parávamos para apanhar pinhas. Foram anos felizes.  

Quando os meus pais começaram a construir a casa, vivemos um sonho colectivo. Para mim e para o meu irmão foi a descoberta do campo, do mundo rural, dos trilhos, da liberdade, dos sabores genuínos, do trabalho manual.