A fotografia é uma forma de observar e pensar o mundo, de o moldar até. A próxima imagem surge no encalço de uma resposta num ímpeto de curiosidade diligente.

Mas é também uma forma de curadoria. A mesma moldura serve tanto para direcionar o olhar para as subtilezas relevantes, omissas no espaço negativo da visão coletiva, como para idealizar, colecionar ornamentos estéticos, aparências.

A plasticidade estética do decalque permite-nos relacionar no plano bidimensional, elementos que viviam soltos no mundo (ou será que não?). A sua representação plástica, abstrata abre um leque de possibilidades e conexões, um wormhole criativo em que o espaço/tempo se dobra sobre si mesmo.

Mas tudo está ligado de alguma forma, independentemente da nossa perceção, da nossa construção mental. É a fotografia uma manifestação de consciência? Uma afirmação de um ponto de vista (literalmente) de uma opinião?

A fotografia é uma abstração, uma máquina de aparências. No fundo mimetiza a nossa dialética psicosensorial de fabricação de significado.